ENCANTO e a expectativa feminina enraizada na sobrecarga
Fomos presenteados, em 2021, com a animação da Disney sobre a encantada família Madrigal. Já disse a muitos amigos que se engana quem pensa que animação é coisa de criança e Encanto é a prova viva disso!
A família Madrigal é a minha família e a sua: numa logística de enxergarmos “dons e encantos” em nossos pares, rotulamos sensações, emoções, perfis e não percebemos, muitas vezes, o quanto isso pode ser tóxico. Para começar, “metaforicamente”, quando se torna adolescente, cada membro da família é agraciado por um “DOM”, que vem da chama sagrada, mas que no fundo sabemos que vem da demanda de atendermos as expectativas dos outros e nos encaixarmos. Nesse interim, Maribel, nossa protagonista, não recebe um dom e, pelo contrário, vive mais ainda para atingir o agrado e o status de “pertencente” a família.
É a única que não foi agraciada por um dom. Assim, ela se mata para caber em todos os outros. E está sempre em busca pela aprovação da “Abuela”, sua avó, rígida, insensível, cobrona. Ela não é a imagem e semelhança de nossas famílias?
Temos, no curto espaço da família, a Luisa, Isabela e Antônio, os irmãos de Maribel são os que se enquadram no Encanto dos Dons. Luisa é a “forte”, a que leva a família – literalmente – nas costas. Inclusive, sua musica fala do “Tic-tic-tic- que não quer parar – a pressão faz tictic pronta pra estourar”, e canta sobre seu sobrecargo e de como seria mais feliz “sem dom” – leia-se, sem uma taxação obrigatória de ser perfeita e forte o tempo todo. A Isabel é a “doçura”, seu encanto é encantar e ela se cansa de ter que ser perfeita o tempo todo, falar sorrindo, lançar flores e amor por onde passar.
Essas duas personalidades não são exatamente o que se espera de nós mulheres?
Enfim, Encanto nos convida a refletirmos sobre o papel que nos é requerido e de que forma podemos romper com as expectativas dos outros.
Incrível Mamãe vc arrasa 🙂